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Do controle ao reconhecimento!

A hipocrisia dos fariseus e dos mestres da Lei, denunciada fortemente por Jesus, era uma espécie de abuso de poder e de controle sobre as pessoas. Trata-se de uma forma de relação com a vida e com o mundo em que alguns ‘possuem’ a verdade que deve ser imposta. Se, por si só, esta forma já é complicada, o agravante sublinhado por Jesus era de que a rigidez exigida para o povo não era vivida por eles mesmos (Mt 23,13-22).

Uma outra forma é revelada por Paulo, na Primeira Carta aos Tessalonicenses, o texto mais antigo do Novo Testamento. De fato, Paulo reconhecia na pequena comunidade nascente os sinais que estavam aparecendo: «diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo» (1,3). Não se trata de controlar a comunidade, muito menos de exercer abuso de autoridade e de poder, mas de perceber que Deus já está atuando, que o Espírito Santo já está trabalhando, e nossa missão é facilitar a fé, a esperança e a caridade!

A Igreja faz memória, neste dia 28, de Santo Agostinho, aclamado como ‘maior Padre da Igreja latina’ e, citando o Papa Paulo VI, «para o qual confluiu todo o pensamento da antiguidade». Uma das suas mais importantes obras, Confissões, é um verdadeiro testamento de um buscador inquieto do amor de Deus: «Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz».

O testemunho de Agostinho e da maior intercessora, Mônica, sua mãe, nos ajudem no discernimento de uma fé madura, que supera todo perigo do controle e da rigidez, para perceber os sinais dos tempos, lugar onde Deus fecunda a história, para sermos «Cor unum in Deum» [Um só coração em Deus!].

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