Mestre Eckhart foi o homem da unidade! Por dentro da mística, o frade dominicano deixou grandes e exigentes sermões: «Deus e eu somos um, Deus trabalha e eu me transformo». Deus sempre é amor, é amor total! Deus não ama em partes, é amor integral e a resposta a esse amor é tornar-se «terra boa» e «produzir frutos bons».
É fundamental compreender isso na perspectiva do evangelho de hoje (Lc 8,4-15): não é porque a terra é boa que o semeador lança a semente. Ele lança sempre! Lança nas pedras, na beira do caminho, nos espinhos. O semeador é um especialista em dar, em ofertar… é feliz porque semeia!
Deus não é um retribuidor, ou seja, lança a semente apenas «na terra boa» porque merece! Não! Deus é um semeador! Deus semeia na totalidade de cada pessoa, também em suas incoerências, em sua secura, em sua falta de raízes. Deus é semeador porque a semente vem primeiro, o amor é o ponto de partida, não os preceitos, as normas, a moral. Deus semeia porque ama!
O primeiro esforço de cada pessoa, portanto, é deixar-se encontrar pela semente. Abrir-se para o amor! Esse é o lugar onde nos transformamos por dentro da experiência de ser amados: «apesar de mim, Deus continua lançando sementes». Essa é também a brecha da conversão. Se Deus continua me amando apesar da «terra ruim», é preciso responder melhor ao amor: «tentar de novo, falhar de novo, falhar melhor», como escreveu Samuel Beckett, dramaturgo irlandês.
Abrir-se para o amor, para a semente da graça, e transformar-se, cada dia um pouco mais, nesse amor, nessa unidade total com Deus!
Pe. Maicon A. Malacarne