Uma das heranças do Império Romano que tem ganhado força é o famigerado «carpe diem». A ideia se baseia no «aproveite o agora», «viva o agora», «o mais importante de tudo é o agora»! Significa fazer tudo aquilo que se tem vontade: «se quero beber, bebo!», «se quero fumar, fumo!», «se quero ficar, fico!» e assim por diante! Sem falso moralismo, são as grandes ilusões da vida!
O ideal de aproveitar o que há de bom em cada instante, o «carpe diem», resumia o ideal de Horácio no século 4 d.C, mas com uma particularidade: o Império Romano estava em decadência total. Tratava-se de um disfarce para esquecer o passado e ofuscar o futuro que não chegaria!
No evangelho de hoje (Jo 15,26-16,4) Jesus prometeu o Defensor, o Espírito Santo, que abre lugar para Deus na nossa vida! O Espírito é o movimento de abertura que o Pai e o Filho doam para a humanidade! Nesse anúncio, Jesus sugeriu a memória como tarefa de todo discípulos: «eu vos digo isto para que vos lembreis do que eu disse». O Espírito Santo sempre conduz a Jesus e faz memória da fidelidade a Jesus!
O cristianismo nasce da memória de Jesus Cristo! O esquecimento da história e dos fundamentos da história são uma heresia ao evangelho! E essa não é uma discussão teórica, porque todo itinerário de vida é feito de memória e de projeto. Quando perdemos o passado e não preocupamos com futuro é porque algum vazio vai se ampliando e o «aqui e agora» passa a se tornar imperativo e absoluto, negando qualquer outra responsabilidade!
O «fazer tudo que eu quero» é raso demais, o «deixa a vida me levar» é quase obsceno, porque a vida é «coisa» séria e exige tomá-la nas mãos com responsabilidade e com os aprendizados do passado, por piores que eles sejam! O Espírito do Ressuscitado coloca os alicerces para vivermos bem cada momento da vida! Toda fé, cuja relação com Jesus Cristo vai amadurecendo, é compromisso com a memória e com o futuro!
Pe. Maicon A. Malacarne