Thiago de Mello, um gigante da poesia brasileira, falecido esse ano, gravou no nosso coração a belíssima expressão: «Faz escuro, mas eu canto, porque a manhã vai chegar»! O nosso lugar não é a escuridão, não é a noite! Faz lembrar aquilo que o gênio Paul Claudel resumiu: «a vida é uma grande aventura em direção à luz».
Trata-se de conseguir alcançar o milagre de cada acontecimento, ou, como escreveu Manoel de Barros: «ver um êxtase no cisco»! Como chegar nesse estilo de vida marcado pela atenção e pelo deslumbramento, vencendo a cultura do pessimismo? O evangelho de hoje é mais uma escola que abre esse caminho!
As coisas não estavam fáceis para Jesus, o fechamento ao seu anúncio, a perseguição, as forças que queriam sufocá-lo, tudo conspirava para o fim. É desse lugar que ouvimos, hoje. Jesus rezando: «Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos» (Lc 10, 21-24). O coração de Jesus não permanece na lamentação, no caos, mas procura, procura sempre um pouco mais, encontrar a luz. No meio de todo aquele ambiente de fechamento, os discípulos contavam que muita gente acreditava Nele, especialmente os mais simples e pequenos!
Do meio das dificuldades, encontrar pequenos pontos de luz! Otávio Paz dizia que do encantamento é que nos tornamos mais parecidos com Deus: «ao assombrar-se, poetiza, ama, diviniza». E é a partir da vida e da experiência de cada um que é possível, pouco em pouco, trazer a luz à vista. De novo, ilumina e ajuda a rezar a poesia de Manoel de Barros: «Nas fendas do insignificante procurar grãos de sol».
Pe. Maicon A. Malacarne