«Vinde a mim vocês que estão cansados», diz Jesus no evangelho deste domingo (Mt 11,25-30). Um dos livros do filósofo coreano Byung-Chul Han tem o título «A sociedade do cansaço». De fato, estamos todos cansados! Não é que estamos trabalhando demais, é que nosso estilo de vida leva ao cansaço: muitas informações, muita fluidez, muito automatismo, muita impaciência, muito estímulo das redes sociais… desaparecem os ritos, as relações, a convivência, a contemplação da vida…
A novidade do evangelho vem exatamente das palavras de Jesus: «aprendei de mim porque sou manso e humilde». O descanso é um caminho de mansidão e de humildade! Não é mágico, é um aprendizado para sempre! Jesus fez da mansidão uma bem-aventurança: «bem-aventurados os mansos». Poderíamos traduzir: felizes os que conseguem viver a gentileza, conseguem respirar e refletir em situações de conflito e responder sem violência, não explodem o tempo todo ou vivem a vida como uma máquina de produzir inimigos.
A humildade também é uma escola para aprender que não conseguimos tudo sozinhos, precisamos do outro, precisamos do mundo, precisamos de Deus! Entender o salto do eu, eu, eu… para o nós é a estrada para um coração mais humilde. São Paulo, na carta aos Coríntios, da segunda leitura, usa uma gramática bem específica: «não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito». Viver no Espírito é abrir o espaço da vida, salvá-la do reducionismo do «tudo eu». É bonito porque Paulo usa a expressão «vivificar» para dizer que se abrirmos espaço para o Espírito que nos habita, o mesmo Deus que ressuscitou Jesus Cristo também nos salva da nossa condição de cansaço e da nossa incapacidade de viver! A primeira leitura, do profeta Zacarias, ajuda desenhar a forma da salvação de Deus: «eis que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva, é humilde e vem montado em um jumento». Ao contrário dos reis da terra, «nosso rei» troca o cavalo branco pelo jumentinho!
A liturgia de hoje ajuda a assumir o propósito de uma vida mais mansa e humilde, aberta aos outros para se tornar vida «vivificada» pelo mesmo Espírito que ressuscitou Jesus dos mortos!
Pe. Maicon A. Malacarne