O Papa Francisco, na Exortação Amoris Laetitia, dentro da reflexão sobre a situação difícil das famílias, escreveu: «somos chamados a formar as consciências, não a pretender substituí-las» (n. 37). O dever moral de quem se coloca ao lado das situações mais complexas da vida é ser um canal da graça de Deus, um facilitador da esperança, um alívio do fardo, com a disposição de favorecer o discernimento a partir da vida compartilhada e não da imposição de regras morais e doutrinais.
O apelo de Francisco não deixa de encontrar resistências, mas é fundamental entendê-lo no mapa da Liturgia da Palavra desse domingo. No evangelho, Jesus conta três parábolas: do joio e do trigo, da semente de mostarda e do fermento (Mt 13,24-43). Vamos permanecer na primeira: um homem semeou boa semente no seu campo, veio o inimigo e semeou o joio, uma planta invasora que prejudica a produção do trigo. Estamos dentro da grande questão do bem e do mal. Deus não semeou o mal, mas ele existe! O que fazer? A solução dos empregados: «queres que vamos arrancar o joio?» E a resposta do patrão: «Não… deixai crescer!»
O patrão tinha consciência que na tentativa de arrancar o joio, poderia arrancar também o trigo: deixai crescer! É na colheita que o grão vencerá! É curioso porque o patrão acredita muito no grão e porque acredita, confia e sabe esperar! Os empregados querem resolver no impulso e correm o risco de colocar tudo a perder!
O patrão prefere falar da boa semente, os empregados preferem dar atenção ao joio. É uma diferença fundamental quando pensamos o campo do nosso coração e o campo da nossa vida! Qual é a nossa prioridade? Onde gastamos mais tempo? Será que o cansaço não é porque estamos olhando sempre para o joio e deixando de lado a boa semente?
«Deixai crescer» é um projeto de vida, de confiança, de amor, de paciência! É próprio de quem não quer substituir a vida de ninguém, mas ajudar a amadurecer, a esperar frutificar! É aquilo que a gigante Simone Weil falou de outra maneira: «é preciso aceitar tudo, tudo, sem exceção, em nós e fora de nós, em todo o universo, com o mesmo grau de amor; mas o mal como mal, o bem como bem».
Pe. Maicon A. Malacarne