Pular para o conteúdo

De acolhida em acolhida!

Nos estudos sobre a infância, Freud destacou que «a casa é uma substituição do ventre materno, que é o primeiro lar». Para os cristãos, pode-se dizer que o primeiro lar é estar intimamente unido a Jesus. O primeiro convite, de fato, é estar com ele. A substituição, a segunda casa, é a missão! Não são dois momentos estranhos, um não existe sem o outro, mas trata-se de um grande mapa para se mover na fé: estar com Jesus e estar com o mundo é o grande coração do evangelho!

O evangelho de hoje (Lc 10,1-9), dia dos bispos São Timóteo e São Tito, inicia com o envio de 72 discípulos, dois a dois. Aqui, dois não é a soma de 1 + 1, mas a gramática da comunhão. Ninguém é cristão sozinho, Jesus não é uma posse, mas sempre um princípio de comunhão. É nesse espírito que a comunidade sempre é a referência, ela lembra que o tentador isolamento se vence pela comunhão, pelo caminhar juntos. Eu e a comunidade somos o 1 + 1 para comunicar Jesus a humanidade ferida!

A fé não é uma imposição, muito menos um peso, mas as recomendações que Jesus deu aos primeiros discípulos dizem da simplicidade no agir e no falar: «o Reino de Deus está perto (…); paz a esta casa». Não precisa muita coisa, mas um coração aberto e generoso, porque o mundo é selvagem e violento e nem tudo é acolhimento e tranquilidade.

Da casa-ventre a casa-missão temos um caminho a fazer. A biblista italiana Rosanna Virgilli destaca que o grande sonho de Deus é uma humanidade que sabe acolher: «Jesus sonha com a reconstrução do humano através de mil e uma casas hospitaleiras e de braços abertos: a hospitalidade é o sinal mais confiável e indiscutível do alto grau de humanidade que um povo alcançou». O contrário da acolhida é a guerra, a vontade de derrubar o outro, a substituição da paz pelo confronto. Rezemos a casa que «tenho sido» para o mundo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *