Pular para o conteúdo

Da tristeza à alegria!

A filosofia de Heidegger diz que a angústia é uma disposição fundamental para o ser humano descobrir quem ele é, de reencontrar consigo mesmo. A angústia é um despertador da finitude, uma chamada de atenção para o fim. É interessante porque, nesses dias, acompanhando o evangelho de João, Jesus tem insistido em encorajar os discípulos a atravessarem a angústia da morte: «a vossa tristeza se transformará em alegria» (Jo 16,20-23).

Perder alguém que amamos é muito difícil! Tristeza e angústia se confundem. Jesus, no entanto, abre a gramática da ressurreição através de um novo verbo no futuro: «se transformará»! A morte não é o fim, mas uma passagem, uma transformação! A angústia é atravessada pela boa notícia da Páscoa! A imagem que Jesus utilizou para explicar aos discípulos é muito bonita: uma mulher em trabalho de parto – a dor, o sofrimento, o medo dará lugar a uma alegria desmedida.

A vida espiritual também precisa ser desenhada dentro do mapa da Páscoa. É verdade que a tendência é querer uma espiritualidade «bonitinha», «cheirosinha», «gourmetizada», com toda a «positividade» possível. No entanto, a «vida nova», o estilo de vida pascal, assinalado por Jesus, é gerado de dentro das tensões da vida, dos desencontros, de contextos injustos, de realidades incoerentes, de conflitos e de divergências que podem se tornar potência de «transformação».

Não se trata de um elogio ao sofrimento, mas da maturidade de enfrentar e gerar vida nova a partir das angústias que o mundo coloca na nossa frente ou que são frutos das nossas escolhas. Depois que os discípulos viram Jesus ressuscitado, de fato, «encheram-se de alegria» (Jo 20,20). Mais adiante, segundo os Atos dos Apóstolos, por onde os discípulos passavam «havia grande alegria» (8,8). A Páscoa transforma tudo!

Pe. Maicon A. Malacarne

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *