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Da casa inicia tudo!

Não é exagero afirmar que o cristianismo nasceu na casa e não do Templo. A relação que Jesus estabelecia com a casa, a mesa, o alimento, o cotidiano são fundamentais para compreender o núcleo central da fé! Da casa de Belém – onde tudo começa, até a casa de Jerusalém – onde tudo recomeça, há o mapa de um grande amor!

Alberto Camus disse que a questão essencial para o ser humano é descobrir onde é a sua casa. Parece estranho e óbvio. O Mia Couto afirmava que «o importante não é a casa onde moramos, mas onde, em nós, a casa mora».  Esses dois gênios da literatura e da poesia ajudam a pensar que a vida se compõe de habitar e habitar-se. A casa é muita coisa! De um lado, lugar, de um outro, não-lugar! Sempre descoberta e movimento!

«Quem ouve minha Palavra e põe em prática é como alguém que construiu a casa sobre a rocha […]. Quem ouve e não põe em prática é como alguém que construiu a casa sobre a areia…» diz Jesus no evangelho de hoje. É que a casa precisa ter fundamento firme!

No caminho para o Natal somos convidados a rezar: qual a firmeza da nossa casa? Qual a segurança frente às «chuvas e ventanias»? Como cuidamos a casa/as relações? O isolamento é o contrário da natureza da casa! A casa é nossa maior comunicação com o mundo, com a história, com as estruturas. A cultura do individualismo e do consumo é a areia mais frágil, porque torna a casa uma fantasia, um disfarce, uma máscara.

O Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, ajuda concluir: «da mais alta janela da minha casa, com um lenço branco digo adeus, aos meus versos que partem para a humanidade…» É que a casa é o lugar de ver o mundo e sonhar com outros mundos!

Pe. Maicon A. Malacarne

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