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Bendita migalha!

Bento XVI, disse, em certa oportunidade: «existem tantos caminhos para Deus quantas são as pessoas». Deus é um mistério que permite a todo momento ser encontrado, ao mesmo tempo que nos encontra; ser acessado, ao mesmo tempo que nos acessa; ser tateado, ao mesmo tempo que se deixa tocar. Não há estradas de mão única para Deus, as possibilidades são sempre maiores que os entroncamentos.

Jesus saiu do seu território e atravessou a fronteira (Mc 7,24-30). Estava num ambiente estranho, cultura e religiosamente pagão, e, nesta terra, ele ofereceu-se inteiro, atravessado pela coragem de uma mulher que pedia a cura da sua filha. A mulher sino-fenícia foi capaz de subverter a «mão única» entre ela e Jesus. De fato, os judeus consideravam as pessoas pagãs como inferiores, ao ponto de chamá-las de «cachorrinhos». Esta também era a compreensão da missão que Jesus carregava – antes os judeus, depois os pagãos! 

As lágrimas a mulher e a sua forma de argumentar foram capazes de mudar os rumos do «sempre foi assim»: «também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa dos seus donos». A dor de uma mãe é capaz de traduzir as migalhas em mais alta teologia, as migalhas em profunda pedagogia, as migalhas em um itinerário de fé. Jesus se curvou diante da dor! Na tradução do evangelho de Mateus, Jesus também reconheceu: «nunca vi entre os judeus uma fé tão grande».

As migalhas se tornaram a chave para alargar a compreensão e a experiência missionária de Jesus. Ele percebeu, pelo sofrimento humano, que a sua proposta era universal, que o Reino que anunciava não conhecia fronteiras! Isso é alguma coisa que precisamos aprender quando professamos ser seguidores de Jesus: todas as fronteiras caem e caem porque a migalha é tão importante quanto todo o pão.

Pe. Maicon A. Malacarne 

1 comentário em “Bendita migalha!”

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