A festa da Assunção de Maria é uma festa de encontros! Se a vida é feita de encontros, a morte é a coroação do grande encontro! Celebramos, hoje, a Páscoa de Maria! Assumida totalmente em Deus, assunta ao céu, Maria antecipa que não há ressurreição fora dos encontros, da abertura da vida, do serviço ao amor, da solidariedade permanente, da amizade com a estrada.
O evangelho do dia da Assunção é o encontro de Maria e Isabel, encontro de mulheres, encontro de projetos, encontro da promessa, primeiro encontro de Jesus e de João Batista (Lc 1,39-56)! A alegria, o canto, a festa, a sororidade, a fé de que o Senhor não havia esquecido da sua Aliança, são uma liturgia sem fim celebrada por mulheres na pequena cidade da Judeia, distante de tudo e de todos, mas bem perto do coração de Deus!
O encontro de Maria e de Isabel é um convite a ascender a vida para alcançar o céu! O reducionismo, o isolamento e toda forma de vida que nega as relações é doentia! Nós somos relação! Somos um conjunto de identidades, herança da história, fruto de uma cultura, gerados do amor da Trindade! Achar que nos bastamos é uma tragédia, é distanciar-se da assunção!
A relação também carrega confrontos! Não existem relações lineares, por mais que se possa romantizar. Um casal muito apaixonado também briga! Se existe fraternidade, existe fratricídio, como registrado desde o início do Gênesis na história de Caim e Abel. Dois pressupostos são fundamentais para todas as relações: 1) saber dialogar! Conversar é fundamental! Diálogo não é duólogo, um monólogo a duas vozes, dizia o filósofo Abraham Kaplam; 2) Saber perdoar! É o dom, a gratuidade da relação diante de uma tensão. O perdão salva a relação, porque o perdão é a qualidade mais potente do amor!
Confiemos a Maria o movimento da vida, o desejo de abertura, de alteridade, de hospitalidade, de encontros, embora, como já escreveu Vinícius de Moraes «haja tanto desencontro pela vida». Rezamos como a poesia do David Maria Turoldo: «Virgem, anel dourado do tempo e da eternidade, você leva nossa carne para o paraíso e Deus à nossa carne». Amém!
Muito boa a reflexão , nunca tinha pensado nesta perspectiva.