Aprendemos muito da escola de Maria e de José! O evangelho de hoje ajuda rezar a gratuidade de Deus e o perigo de uma fé que não consegue amadurecer fora da retribuição (Mt 1,18-24). De fato, o risco de estabelecer com Deus uma relação de troca, de negociação, nos acompanha – recebo o que mereço! José e Maria aprenderam que Deus sempre foge dessas categorias.
«Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?» perguntou Maria ao anjo, sobre o convite para gerar Jesus. José, por sua vez, sabendo que o filho não era fruto do seu sangue, «resolveu abandonar Maria em segredo». Maria e José entenderam, aos poucos, que a graça de Deus é sempre abundante em relação as nossas certezas e aos nossos méritos. O que acontece conosco não é um prêmio das nossas vitórias, mas é o amor de Deus que fecunda, que alarga o que parece terminado.
A justiça de José e a virgindade de Maria não são troféus! Nesses corações, Deus encontrou disponibilidade para que a sua obra fosse levada adiante. Em José e em Maria encontramos a nossa vocação, a vocação humana de superar o fechamento, de exceder a linearidade, de provocar as certezas e de sonhar coisas novas. Todo isolamento é um fechar as janelas para o futuro! Toda disponibilidade é uma porta aberta para Deus chegar e fazer morada!
O «sim» de Maria e o sonho que faz José decidir permanecer ao lado de Maria são um programa para compreender as nuances da lei e do amor. Maria e José escolheram «ser» aquilo que o discernimento gerou. Isso significa assumir a vida sem entender tudo, sem planejar tudo, com mais perguntas do que respostas. José e Maria fizeram da vida uma disposição para acolher o que Deus tinha para realizar – um salto no coração do mistério!
«Guia-me, ó gentil Luz,/ através da escuridão que me cerca,/ sê Tu que me conduzes!/ A noite é escura/ e estou longe de casa,/ sê Tu que me conduzes!/ Sustenta meus pés vacilantes:/ Não peço para ver/ o que me espera no horizonte,/ um único passo será suficiente» (Cardeal John Henry Newman).
Pe. Maicon A. Malacarne