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Aprender a ver!

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«Não quero a faca, nem o queijo… quero a fome» é como finaliza uma das poesias da Adélia Prado. É um convite a mergulhar do mundo do sentido, que está para além dos dados objetivos! Outros autores chamaram de «fome de beleza» que é tão importante quanto a «fome de pão».

Jesus se aproximou de Jerusalém (Lc 19,41-44) e começou a chorar! É como alguém que olhava, de longe, e percebia que por detrás da beleza daquela cidade histórica e magistral, havia fechamento, falta de novidade, cegueira para a luz e para a paz. Jesus usou a emblemática expressão: «tudo isto está escondido aos teus olhos»!

A fome, a luz, a beleza, o sentido, não são «coisas isoladas», mas um senso, uma escolha, um caminho para ser feito! O grande convite de Jesus é «tirar as escamas dos olhos», é ver de novo! É encontrar uma outra direção para o olhar viciado, aquele que enxerga sempre as mesmas coisas, repete sempre os mesmos gestos, fala sempre as mesmas palavras, reclama sempre as mesmas reivindicações.

Jerusalém estava fechada a Jesus! Logo em seguida do evangelho de hoje, temos a prisão, a condenação, a paixão e a morte na cruz. Uma vida nova é uma vida que deixa espaço para a luz de Jesus se expandir! Exige um novo olhar, que, não raro, precisa daquele grande exercício que Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa insistia: «O essencial é saber ver, mas isso exige uma aprendizagem de desaprender».

Pe. Maicon A. Malacarne

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