Pular para o conteúdo

Amar na desproporção!

Santo Inácio de Loyola, memória de hoje, deixou nos Exercícios Espirituais uma das grandes sabedorias que nesse tempo de estudos procuro levar a sério: «não é o muito saber que sacia e satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente» (EE 2). Trata-se de ativar a realidade aprendida pelos sentidos: olhar, escutar, tocar, degustar, sentir o cheiro… porque o mundo não pode ser resolvido por abstração!

Jesus era um mestre do sentir e do saborear e utilizava desenhos em forma de parábolas para ajudar as pessoas a experimentar o amor do Pai! O evangelho de hoje (Mt 13,31-35) conta a parábola da semente de mostarda e do fermento na massa. Trata-se da lógica da desproporção – de um lado, a menor de todas as sementes e o ralo fermento, de outro lado, a gigante árvore e o pão fermentado.

Nós somos a pequena semente que só tem sentido ao tornar-se árvore para que «as aves do céu façam seu ninho». O grão, por si só, não muda nada, mas o grão que cresce, que abre, que expande é sempre lugar de «ninhos novos». Também o fermento só tem sentido para tornar tudo levedado.

O Papa Francisco diz que «se você ajudou uma pessoa a se sentir melhor em determinada situação, sua vida já é uma realidade». É no rompimento da postura fechada que o grão quebra a sua pequenez para produzir galhos e possibilitar ninhos. O ninho é a sombra, é o ar puro, é a respiração nova, é o impulso para alcançar voos mais longos. Sem «ninhos» a vida é muito mais difícil!

Essa é a graça para pedir a Deus, hoje, com o exemplo de Santo Inácio: da pequenez e da fragilidade que me habita, que parece desproporcional com os desafios da realidade, procurar ser um dom para o mundo com pequenos gestos de amor e de reconciliação! De fato, «é do fundo da minha miséria que toco Deus», refletia Simone Weil.

Pe. Maicon A. Malacarne

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *