Como tem sido difícil se alegrar com a vida do outro, com o sucesso do outro, com as conquistas do outro. Ver alguém feliz parece atravessar a garganta e ativar comportamentos de ciúme, de tentar diminuir, ferir, desconsiderar. Esse risco é sempre um alerta! Nas relações mais próximas, quando a vitória do outro me faz sofrer, trata-se de um sinal de que preciso de ajuda, preciso resgatar o coração (o centro da vida) do lugar onde ele foi parar!
Na proximidade do Natal escutamos o relato do nascimento de João Batista (Lc 1,57-66). Lembremos que Isabel era uma senhora estéril que, por milagre, ficou grávida. Zacarias, seu esposo, recebeu em visão essa notícia, duvidou e ficou mudo. Na narrativa de hoje, completaram-se os dias da gravidez e Isabel deu à luz a João, bem como, cessou-se a mudez de Zacarias. Da esterilidade à fecundidade, da mudez à palavra… são movimentos fundamentais que aparecem como um salto para o futuro. A própria escolha do nome «João» foi uma ruptura com o passado, já que ninguém da família tinha esse nome, o que contrariava a tradição!
Não pode passar despercebido esse detalhe do evangelho: «os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela». Alegrar-se com os outros é uma tarefa de humanização! Dividir a alegria e dividir a dificuldade é, de verdade, uma das formas mais intensas de viver a vocação à felicidade! Ninguém é feliz sozinho! Ninguém é feliz desejando que o outro seja infeliz, nem mesmo o inimigo!
O Natal é o tempo de expandir, de abrir-se, o Natal é a festa que não cabe nas gaiolas das certezas, das justificativas que construímos e das ‘desculpas’ que damos! O Natal é a festa para ser feliz com os outros!
Pe. Maicon A. Malacarne