Um administrador desonesto é elogiado por Jesus, no evangelho de hoje (Lc 16,1-8). Trata-se da parábola do administrador de um homem rico que esbanjava os bens. Ao ser descoberto, buscou logo uma forma para “fazer amigos”, ou seja, estabelecer vínculos com os que tinham dívidas com o patrão: ao que devia cem barris de óleo, disse para escrever sessenta; ao que devia cem medidas de trigo, disse para escrever oitenta… “Ele agiu com esperteza”, disse Jesus.
A esperteza que Jesus menciona não é a esperteza com a enganação, com o suborno, mas a possibilidade de “fazer amigos com o dinheiro injusto” (16,9). É a relação que salvará a possível demissão do administrador. No fundo, trata-se do “resto” de misericórdia que a sua esperteza foi capaz de ativar. De fato, disse Jesus, “os filhos deste mundo são mais espertos nos negócios que os filhos da luz”. Aprender da esperteza deste administrador significa ativar a experiência das relações, da fraternidade, da sororidade, a capacidade de “dividir pela metade”, de facilitar o pagamento da dívida, de fazer com que uma família possa dormir tranquila porque terá alguns barris de óleo e algumas medidas de farinha a mais para sobreviver.
A honestidade da administração dos bens está na possibilidade e na “esperteza” de encontrar estradas para viver a administração da misericórdia, a administração do amor. O que o evangelho propõe é uma reviravolta no estilo de vida cristão, uma verdadeira conversão dos nossos hábitos e na esperteza em fazer o mal. São Bento, ao escrever a Regra, de fato, disse que nenhum monge deveria esquecer uma verdade fundamental: “prometa a conversão dos seus costumes” (58,17).
Pe. Maicon A. Malacarne