Jesus utiliza uma linguagem muito particular no evangelho de João: «quem crer terá a vida eterna», «eu sou o pão que desceu do céu, quem dele comer viverá eternamente» (6,44-51). Crer não é um mérito, uma conquista, mas um convite a aderir a pessoa de Jesus Cristo, ou seja, a fé não é um grupo de ideias e verdades que devo adotar letra por letra, mas é um seguimento, uma conformação do estilo da minha vida na vida de Jesus! Seguir também não é imitar, porque seria uma repetição sem atentar as mudanças dos tempos.
O seguimento a Jesus é marcado pelo «comer a minha carne». Trata-se de alimentar-se da vida dEle. Vida na vida! História na história! Divino e humano rompendo as separações, modelando-se através de novos estilos de vida. Os que seguem Jesus devem assumir uma nova forma de viver, traduzido em comportamentos diários, especialmente no que diz respeito as relações, aos vínculos, sobretudo, a uma vida descentralizada, que se abre na direção do outro.
De fato, o pão é o símbolo da fraternidade. Ainda ressoa o evangelho do último domingo em que os discípulos de Emaús reconheceram Jesus ao partir o pão. Essa é a maior de todas as vocações: tornar-se pão repartido! Quebrar-se para a vida do mundo! Toda vez que a minha vida vai na direção de salvar outras vidas eu estou sendo um sinal da ressurreição! A autorreferencialidade, o egoísmo, o individualismo, a tentação de condenar e violentar o outro são a negação do Ressuscitado! A eternidade prometida por Jesus não é somente a vida no céu, mas é a vida completa, integralmente feliz, plena e plenificada, que ninguém consegue alcançar sozinho!
Peçamos a graça de transformar a nossa vida sendo dom para os outros, também a partir das cruzes que carregamos. É bonito demais e ajuda rezar o que escreveu Dominique Collin: «a fé não é um ópio para fazer esquecer no irreal. Ressuscitar é voltar transformado ao próprio lugar da ferida».
Pe. Maicon A. Malacarne