Giovanni Papini, um controverso escritor e poeta italiano, tem um texto intitulado «Perché» [porque] em que conta o fato de ter encontrado um agricultor que estava trabalhando na terra e observando-o, perguntou: «Bom homem, o que está fazendo?», «estou capinando» respondeu. «Porque está fazendo isso?», «para ganhar!». «Mas, porque quer ganhar?», «para poder comprar pão e me alimentar!». «Porque quer comer?», «para poder viver!». «Porque quer viver?». E o diálogo continua com outros tantos porquês. Depois, seguiu caminho e mais adiante encontrou uma criança que recolhia flores. Logo começou a perguntar: «o que está fazendo?», «estou recolhendo flores», respondeu inocentemente a menina. «E porque está recolhendo flores?», ao que ela respondeu: «para fazer um buquê e levar para colocar nos pés de Nossa Senhora! Assim ela vai me preparar um lugar no céu!». E conclui Papini: «a resposta que o agricultor não soube dar, soube a pequena criança».
Nem tudo tem resposta aqui e agora! É verdade que «os porquês» fazem bem, estimulam o pensamento, ativam a curiosidade, mas eles não podem ser um esforço de resolver tudo. Quando queremos ter esse controle de todas as respostas, o controle de todas as situações, o poder de conduzir com a vontade pessoal todas as categorias da vida, tão logo, as surpresas e os mistérios tiram o chão e deslocam as forças para o vazio.
O evangelho de hoje (Lc 14,15-24), diz que o primeiro passo é aceitar o convite de participar da vida de Deus! No fundo, é expandir nossa humanidade, perceber que somos mais do que respostas prontas ou somas de porquês, mas um caminho aberto na direção de Deus! Isso significa superar o perigo das tantas desculpas ao convite do banquete e deixar alargar a mesa das relações, a mesa dos afetos, a mesa da transcendência no nosso cotidiano!
Nosso «maço de flores» é símbolo de um coração conectado ao chão da história, mas com os olhos voltados para o Amor que está para além de todo reducionismo!
Pe. Maicon A. Malacarne