Pular para o conteúdo

Abrir os olhos para diminuir os abismos!

A parábola do evangelho de hoje conta a história de uma relação e de um abismo. Havia um homem muito rico, sem nome, e um homem muito pobre, de nome Lázaro. Para matar a fome, Lázaro esperava algumas migalhas caírem da mesa do rico que nunca nem sequer viu o pobre. Ele estava muito preocupado com outras coisas! Os dois, embora com diferenças abissais em vida, dividem o mesmo destino: a morte! A morte é o acontecimento onde todas as diferenças somem! Na morada eterna, Lázaro foi acolhido e o rico padeceu em meio as chamas e ao sofrimento.

A parábola não faz julgamento moral sobre a riqueza ou sobre a pobreza. O sofrimento do rico não foi porque ele era rico e a acolhida de Lázaro não foi porque ele era pobre. O que está em jogo é o abismo da separação, é a escolha pelo egoísmo, pela distância, pelo fechamento que contradiz a natureza da criação humana. O profeta Amós, na primeira leitura, denunciou as injustiças sociais com a ostentação de poucos em detrimento da miséria de muitos.

Jesus não contou a parábola para dizer como será a eternidade, na perspectiva única da salvação, mas para afirmar uma forma de viver agora, superando as divisões e estabelecendo relações e proximidade. O julgamento final é a continuidade das nossas escolhas! Quando o rico se deu conta das suas opções, o evangelho narra esse gesto: «levantou os olhos». O homem rico só tinha olhos na direção da sua riqueza e era cego para alcançar Lázaro; só via a si mesmo, seus problemas e sua mesa cheia.

Para a tradição bíblica, quando ajudamos alguém não estamos fazendo um favor. Para a teologia da criação tudo é de Deus e se um irmão ou uma irmã está sem nada é porque existe o pecado grave da falta de partilha. O papel da esmola, por exemplo, era garantir o direito dos pobres e abrir um caminho de construção da justiça e da salvação.

Para nós que ainda temos tempo, o evangelho é objetivo: diminuir as distâncias e construir relações saudáveis são caminhos para retomar o plano da criação de Deus. Porque, como dizia o francês Marc Joulin «se nós nos recusamos a amar hoje, como poderemos amar amanhã?»

Pe. Maicon A. Malacarne

2 comentários em “Abrir os olhos para diminuir os abismos!”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *