A estrada para o Natal poderia ser bem traduzida na visão de Isaías: «vamos subir ao monte do Senhor para que ele nos mostre seus caminhos» (Is 2,3). São João da Cruz, um dos grandes mestres da espiritualidade, numa obra chamada Subida ao monte Carmelo, compara a unidade com Deus como uma grande ascensão na direção do Amor. Trata-se de uma entrega total, escreveu, que assume a forma do nada: «para que chegues a saber tudo, não queiras saber nada. Para que chegues a possuir tudo, não queiras possuir nada. Para que chegues a ser tudo, não queiras ser nada».
O «nada» não é para sublinhar qualquer tipo de meritocracia, de superioridade, senão uma forma de inaugurar a estrada rumo ao que é prioridade na nossa vida. Quando o «tudo» é o centro, no fundo, nos perdemos! O excesso captura o nosso ser-viver! Perdidos, não somos capazes de viver a vocação à felicidade. O «nada» é a estrada na direção do que realmente importa. «Subir» não é um mérito, Isaías recorda, no final da Leitura, que para alcançar é preciso «deixar-se guiar pela luz do Senhor».
O oficial romano que vai ao encontro de Jesus para pedir a cura do seu empregado doente desenha o quadro desse esvaziamento de si na direção do outro (Mt 8,5-11). O oficial romano não pediu ajuda para ele mesmo, mas estava atento ao sofrimento de alguém que precisava de socorro. Trata-se de um senso de humanidade muito elevado! Na medida que o centro não sou eu, que meu pedido é em favor do outro, eu estou «subindo» ao que realmente importa – a compaixão, a misericórdia, o amor. Este oficial entendeu que o sentido de tudo não está no excesso de «eu», mas na vigilância sobre as feridas do mundo. Este é o lugar mais próximo do Senhor, o Natal mais bonito de ser celebrado!Pe. Maicon A. Malacarne