«Foram irmãos oferecidos pela vida, encontrados no mesmo barco, no meio da mesma tempestade. Entre a loucura e uma outra coisa qualquer que, talvez, um dia, saberei nomear. Cada um no seu canto do quarto, indefesos perante a própria condição, abraçados pela vida, esmagados por um mal, recebido como dádiva… meus irmãos…» Esta é uma das reflexões de Daniel, protagonista da série italiana, «Tudo pede salvação», disponível na Netflix.
De fato, Daniel, certo domingo, acordou em uma clínica psiquiátrica, depois de um ataque contra o seu pai por causa de um surto causado pelo uso abusivo de drogas e de álcool. A série acompanha a semana de internação do Daniel, 7 episódios, um para cada dia, e a descoberta da amizade, da convivência, do afeto, do cuidado de si e dos outros, das perdas e das dores, das aventuras, da consciência da condição humana e, principalmente, do significado de salvar-se! Com outros colegas de quarto, Daniel se abre a um verdadeiro discernimento que exige perdoar e perdoar-se!
Perdoar até «setenta vezes sete», respondeu Jesus para Pedro, no evangelho de hoje (Mt 18,21-19,1). Trata-se de assumir o ‘respirar o perdão’, o assumir a cultura do perdão. O perdão, de fato, é o sustento da mensagem de Jesus para a comunidade que estava sendo formada: o ponto de partida, o ponto de chegada e a estrada a percorrer! A salvação depende do perdão e fora do perdão não existe nada, nem mesmo o amor!
No final da série, Daniel transforma tudo em poesia: «do alto, da ponta extrema do universo, passando pelas nossas cabeças e descendo até os calcanhares, na velocidade da luz e além dela, através de cada átomo de matéria: tudo pede salvação! Era a palavra que eu estava procurando: salvação! Para os vivos e para os mortos: salvação! Salvação para o Mario, para o Gianluca, para o Giorgio, para o Alessandro e para a dona Maria. Para os loucos de todos os tempos, engolidos pelos manicômios da história: Salvação!».