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A luta de Jacó!

Delacroix

Jacó nos conduz a mais uma grande experiência (Gn 32,23-33). Trata-se de uma luta que dura uma noite inteira. Há vários sinais que antecipam a luta: Jacó que «fugiu» com as esposas, as escravas e os filhos, Jacó que «atravessou um rio», Jacó que «ficou sozinho»! Trata-se de uma peregrinação que pode ser interpretada como um itinerário espiritual!

A fuga atesta a busca pela liberdade! É preciso procurar, movimentar-se, colocar-se a caminho, deixar-se encontrar pelo desconhecido! É um exercício que exige «atravessar» as gaiolas que reduzem a existência. Ao atravessar o rio, Jacó deu o salto… tomou a decisão de viver alguma coisa nova enfrentando o «rio furioso» que nos habita! E toda decisão vem acompanhada de crises, de tentações, de solidão! A imagem de Jacó sozinho é tremenda porque Jacó sempre disputou com seu irmão para ser o primogênito. Sempre havia um outro. A luta com Esaú deu lugar a luta com «um desconhecido», que, se pode dizer, é a luta consigo mesmo, traduzida em luta com Deus!

Toda espiritualidade carrega enfrentamentos! O abade São Bento, da festa de hoje, também viveu a sua experiência espiritual em uma gruta, próximo a Subiaco, aqui na Itália. De fato, neste lugar, em um recolhimento de três anos, enfrentou crises e dificuldades, medos e fragilidades ao colocar-se diante de si mesmo. «Ventre da mãe» foi o nome que deu a gruta, mais tarde, por compreender que foi o lugar do seu renascimento.

Dois sinais acompanharam Jacó depois da luta: primeiro, «o tendão da coxa foi deslocado» e Jacó caminhava mancando. A luta deixou uma marca, um corte, uma falta! Toda vida espiritual carrega o discernimento da incompletude, da fragilidade, do espaço vazio. Segundo, Jacó teve seu nome alterado: «de modo algum te chamarás Jacó, mas Israel». Jacó deixou de ter um nome «individual» e passou a ter o nome de um povo. Toda vida espiritual é uma abertura, uma saída do «eu» e abertura a comunhão com os outros!

A luta de Jacó e a luminosidade de São Bento iluminem nossa meditação e nossa vida espiritual!

Pe. Maicon A. Malacarne

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