Impressiona o contraste da fé entre os habitantes da Galileia que receberam bem Jesus porque «tinham visto tudo o que havia feito» e a fé do funcionário do rei, com o filho doente, «confiou na palavra de Jesus e foi embora», sem ver nenhum sinal. Enquanto estava «no caminho» de volta para casa, foi avisado que o seu filho estava curado (Jo 4,43-54.
A fé é confiar mesmo quando não se enxerga nada! A fé é um salto, um pulo no abismo! A tentação de buscar sinais, milagres, explicações, de racionalizar toda a fé pode capturar a sensibilidade de acreditar sem ver, de confiar gratuitamente. A fé não precisa de provas, não precisa passar em nenhum teste porque a vida não é uma calculadora e certos «resultados» das nossas contas não são alcançados por equações. A vida sempre transborda a razão!
O funcionário do rei, atravessado pela dor do filho, indica o lugar fundamental para viver a fé: colocando-se a caminho! A fé é mais peregrinação do que respostas! Gosto muito da expressão do Guimarães Rosa: «o real não está nem na saída, nem na chegada, mas sempre na travessia». Atravessar é verbo de caminhantes!
Acreditar e caminhar! O primado de tudo, diz o salmista, é que «se à tarde vem o pranto visitar-nos, de manhã vem saudar-nos a alegria». Amém!
Pe. Maicon A. Malacarne