«Até quando, Senhor, chamarei e não me ouvis?» O livro de Habacuc inicia com essa pergunta sobre o silêncio de Deus! Por que Deus não resolve tudo de uma vez? Por que do sofrimento? Por que da morte? Não é difícil sermos tomados pelo desconcerto, pela falta de sentido e até mesmo pela descrença. Nem os discípulos de Jesus escaparam! No evangelho de hoje eles pedem: «Senhor, aumenta a nossa fé!»
O mais provocador (e mais bonito!) é o que Jesus disse para eles: «se tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda…». A semente de mostarda é a menor de todas as sementes, quase um pó, quase invisível. Jesus estava dizendo de uma fé pequenina, minúscula, mas sempre aberta, sempre questionadora, sempre cheia de perguntas! A fé não é um terreno de verdades inquestionáveis! A fé não é um compromisso intelectual! A fé é mergulhar na pergunta e no silêncio, aprender a confiar e olhar para os outros lados, a fé é sempre abrir, mesmo sem resposta nenhuma! Na verdade, a aparente resposta para todas as perguntas, a máscara das certezas irredutíveis pode parecer uma fé grande, mas, no fundo, é só fachada!
Jan Twardowski escreveu uma poesia chamada «espera» que gostaria de dividir para nossa oração:
Quando você reza, você tem que esperar
tudo tem seu tempo
os profetas sabem disso
continuar perguntando e deixar todas as expectativas
o que não se ouve amadurece no futuro
o inaudito
está para acontecer
o Senhor já sabe tudo, mesmo no meio da noite
onde as formigas correm freneticamente
o amor acreditará
a amizade vai entender
não reze se você não souber esperar!
«Não reze se você não souber esperar!» É que por dentro da espera há tempo para as novas perguntas. E Jesus amava mais as perguntas do que as respostas, amava mais o silêncio do que o palavreado, amava mais o serviço do que o poder, amava mais o Espírito do que a Lei.
A fé parece mais, parafraseando Tomás Hálik, com abrir todas as janelas e olhar para fora!
Pe. Maicon A. Malacarne