Alberto Camus disse que a questão essencial para o ser humano é descobrir onde é a sua casa. Parece estranho e óbvio. Para Mia Couto, «o importante não é a casa onde moramos, mas onde, em nós, a casa mora». Esses dois gênios da literatura e da poesia ajudam a pensar que a vida se compõe de habitar e habitar-se. A casa é muita coisa! De um lado, lugar, de um outro, não-lugar! Sempre descoberta e movimento!
«Quem ouve minha Palavra e põe em prática é como alguém que construiu a casa sobre a rocha […]. Quem ouve e não põe em prática é como alguém que construiu a casa sobre a areia…» diz Jesus no evangelho de hoje. É que a casa precisa ter fundamento firme!
É para rezar hoje: qual a firmeza da nossa casa? Qual a segurança frente às «chuvas e ventanias»? O certo é que a casa é o nosso ponto de partida! O isolamento é o contrário da natureza da casa! A casa é nossa maior comunicação com o mundo, com a história, com as estruturas. A casa somos nós! A casa é ser, estar, comunicar… A cultura do individualismo e do consumo é a areia mais frágil, porque torna a casa uma fantasia, um disfarce, uma máscara.
O Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, ajuda concluir: «da mais alta janela da minha casa, com um lenço branco digo adeus, aos meus versos que partem para a humanidade…» É que a casa é o lugar de ver o mundo e desejar outros mundos!
Pe. Maicon A. Malacarne