Começamos hoje a quaresma! Trata-se de um tempo «favorável» para mergulhar no que somos e nas nossas relações, a fim de buscar a fidelidade maior no seguimento de Jesus Ressuscitado e a exigente conversão. No Brasil, um dos marcos de toda quaresma é a Campanha da Fraternidade que não diminui em nada o coração deste percurso, mas qualifica e potencializa porque a conversão demanda pontos práticos e específicos para alcançar o seu objetivo. Neste ano, o tema é «Fraternidade e amizade social», inspirado pela reflexão do Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti e no horizonte do evangelho: «vós sois todos irmãos» (Mt 23,8). Em comunhão com a Igreja, mãe e mestra, somos convidados a traduzir este compromisso em exercícios quaresmais:
1. A quaresma é tempo de rezar mais! A oração é um exercício de deixar que o Espírito que habita em nós possa crescer e ampliar a nossa vida! Rezar é mergulhar na vida de Deus, olhar a história com os olhos de Deus e o mais difícil: olhar-se com os olhos de Deus! Oração é dar-se conta de «fazer menos» e permitir Deus «fazer mais» em nós.
2. O jejum é um ato de liberdade, mais do que uma norma, é uma pedagogia, uma maturidade a ser alcançada. De um lado, o exagero do alimento, de outro, a falta. Entre a precariedade e o esbanjamento há o caminho da consciência. Jejuar é dizer que somos mais fortes do que a nossa vontade. O jejum amplia o olhar, a criatividade e ajuda a sermos mais generosos. É preciso aprender jejuar de tantas coisas!
3. A caridade é a escola da consciência! O profeta Isaías (58,6) escreveu: «O jejum que Eu quero não será antes este: repartir o teu pão com o faminto?» A verdadeira caridade quaresmal coloca-nos ao lado dos que sofrem mais para ouvir, acolher sem julgar, repartir, tocar e curar as feridas com o óleo da compaixão.
Ao receber as cinzas sobre nossas cabeças, abrimos o coração ao estilo de Deus! Da Quarta-Feira de Cinzas até a Páscoa da Ressurreição, o convite é permitir que Deus possa transformar-nos a partir de dentro, ajudando-nos a viver a amizade social como uma cultura de encontro, sempre relacional, a fim de que tudo seja incendiado no amor!
Pe. Maicon A. Malacarne