A gradualidade do olhar – enxergar, contemplar, ver – testemunhada por João Batista, alcança os primeiros discípulos de Jesus, no evangelho de hoje (Jo 1,35-42). Ao aproximar-se e reconhecer Jesus, o Batista facilitava a experiência de outras pessoas: «vendo Jesus passar, disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus!’Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus».
«O que vocês estão procurando?» foi a pergunta inaugural de Jesus! Procurar é um verbo grande, é o alfabeto de toda uma existência. Seguir Jesus significa tatear a resposta sobre a grande procura da nossa vida. E aí vem o sobressalto: «Mestre, onde moras?», quiseram saber os discípulos. A procura por um lugar transformou-se em procura por um jeito de ser: «venham e vocês verão!», respondeu Jesus. O movimento é tremendo: o olhar de João despertou os dois discípulos que, então, são provocados por Jesus a uma procura! A novidade é que o «lugar» não é um lugar, mas uma condição nova traduzida em «habitar» a própria vida: «permaneceram com ele».
A casa de Jesus é estar com Jesus, é habitar a vida divina e abrir-se a um relacionamento! A morada de Jesus não é um lugar geográfico, mas um despertador de ser aquilo que se é, para continuar, com Ele, o itinerário da nossa humanidade! Todo seguimento de Jesus é relacional! Configurar a vida a Jesus, portanto, não significa desfigurar em nada a nossa condição humana: onde eu estou, com quem eu estou, com todas as minhas relações e as minhas contradições, este é o ‘lugar’ para «permanecer com ele».
Toda a dinâmica que Jesus provoca é através da consciência desta pergunta: «o que você está procurando?». E a resposta, não sem o peso das contradições humanas, precisa estar em um estilo de vida para «continuar com ele».