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No coração do discípulo amado!

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O evangelista João, da memória de hoje, recorda que o Natal é a festa da comunhão, uma festa sempre relacional! De fato, o evangelho recorda uma espécie de correria que aconteceu na manhã seguinte da crucificação de Jesus (Jo 20,1-9). Maria Madalena correu para avisar que o túmulo estava vazio. Pedro e o discípulo amado correram para ver o que tinha acontecido. 

«O discípulo amado correu mais depressa que Pedro», diz o texto. O amor sempre chega antes, tem facilidade de movimentar-se nas estradas difíceis, ajuda a formar feixes de luz no coração da escuridão, um punhado de possibilidades no meio das dúvidas. Nas situações mais paradoxais e difíceis, como a crucificação, só o amor é capaz de «chegar».

O amor não é afobado, não é egoísta. Se for, não é amor! Apesar de ter chegado antes ao túmulo, João esperou Pedro. Eis o Natal! O Natal é saber esperar o outro! É que eu sou o outro e o outro sou eu! Ninguém é sozinho! Pedro entrou, João entrou: de verdade, Jesus ressuscitou! O evangelista, como que para selar a missão do discípulo amado, finalizou: «ele viu, e acreditou!». A síntese é como que uma metáfora do amor: o amor chega antes, o amor espera, o amor vê, o amor acredita… testemunhado com maestria pela Primeira Carta de São João: «o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida, – de fato, a Vida manifestou-se e nós a vimos e somos testemunhas».

O segredo de João foi estar mais próximo de Jesus e entender a promessa que, desde Davi, Deus havia feito: «o Senhor anuncia que te fará uma casa». Não sou eu que faço, é Deus que faz em mim. Só consigo amar se permito amar! Só aprendo sobre o amor de Deus se permito que Deus possa amar em mim! Ele me ama por primeiro e eu só alcanço esse amor, amando o outro, vivendo a vocação à relação: o amor corre, espera, vê, acredita – talvez, a grande intuição do que, mais tarde, Dante Alighieri chamou o «intelecto do amor»!

Pe. Maicon A. Malacarne

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