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Compaixão fecunda!

Arte: Alexandre Amorim

«Tenho compaixão da multidão porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer», disse Jesus, no evangelho de hoje (Mt 15,29-37). O texto que guarda a memória da partilha dos pães e dos peixes, nunca deixa de surpreender! Gostaria de convidar a meditar o verbo «compaixão», porque fecunda a nossa estrada do advento.

De fato, a compaixão que Jesus sentia pelas pessoas não tem nada a ver com «pena». Trata-se do verbo grego splanknìzomai que significa algo muito próximo às vísceras, é este «todo interior», a concentração dos sentimentos, das emoções, a síntese do funcionamento da vida. A compaixão de Jesus comove de uma forma profunda e total, impossível de deixá-lo parado. Na tradição hebraica, esse mesmo verbo está ligado ao útero, lugar da geração da vida. A compaixão mobiliza na direção de proteger, cuidar, nutrir e guiar a vida. A partilha dos pães e peixes é uma resposta que esta experiência é capaz de gerar, não no sentido assistencialista, mas de compromisso integral.

A compaixão é um estilo de vida ou, como o título de um belo livro da teóloga Stella Morra, é uma «forma eclesial»! Um mundo cada dia mais veloz acaba por capturar a sensibilidade, a atenção, e caímos no piloto automático. Nada mais comove! Este é o momento que perdemos Deus! O Advento vem para restabelecer o vínculo – nossa carne na Carne de Deus – e, hoje, a Palavra de Deus confirma que isso só acontecer por dentro da compaixão.

A compaixão é do mais profundo de Deus, mas, só pode ser vivida no mais profundo da humanidade. A compaixão é um passo na direção das irmãs e dos irmãos! Não pode haver natal no isolamento, no egoísmo, no «meu mundo». O advento, portanto, é uma máquina que nos lança na direção da humanidade! A compaixão é a estrada para realizar a profecia anunciada por Isaías e realizada em Jesus: «O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces» (26,8).

Pe. Maicon A. Malacarne

2 comentários em “Compaixão fecunda!”

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