O evangelho deste domingo fala de talentos. O talento era uma moeda muito preciosa. Um talento equivalia a 6.000 dias de trabalho ou a 36 kg de ouro. A parábola conta que um homem viajou para o estrangeiro e chamou seus empregados para dividir seus bens. Para um, entregou 5 talentos, para outro, entregou 2 e, para outro, 1: «cada qual de acordo com a sua capacidade» (Mt 25,14-30). Essa expressão é fundamental porque diz que os talentos foram entregues conforme a abertura para recebê-los, não por preferência do patrão.
Acontece que quando o patrão retornou, muitos anos depois, encontrou o empregado que tinha recebido 5 talentos com 10 talentos, o que tinha recebido 2, com 4 e o que tinha recebido 1, apenas com 1: «é que fiquei com medo e escondi o talento no chão». Sobre este último, o patrão da parábola disse: «servo mau e preguiçoso».
Temos no evangelho o paradoxo da vida! De um lado, a vida em expansão, onde o 5 se abre para mais 5, o 2 para mais 2. Não é uma questão financeira. É a vida! Carregamos esse tesouro precioso, esse talento valioso, e é nossa responsabilidade fazer «render» a vida em mais vida. Do outro lado está o medo, o esconder-se, o fechamento que diminui vida!
Concluo, rezando o evangelho com a poesia de Carlos Drummond de Andrade, «Amar»: