«Como se fosse para alcançar o céu», diz o Pe. Luigi Verdi, um dos responsáveis pelo projeto do Jardim da Ressurreição, em Romena, município italiano de Pratovecchio Stia. O jardim é cuidado por um grupo de pais que perderam os seus filhos de diferentes formas: acidente, drogas, suicídio… O grupo se chama «Naim» que faz recordar a página do evangelho em que Jesus, neste local, encontrou uma mãe que enterrava seu filho único.
Na avassaladora experiência da morte, o grupo é um espaço de «respiro», de consolação e de aprender a partilhar as lágrimas. Trata-se de um jardim de amendoeiras, com uma oliveira ao centro. Cada amendoeira guarda o nome de um filho morto. A escolha não é aleatória: «a amendoeira é a primeira árvore a florescer». O jardim é uma escola para ajudar encontrar sentido e trabalhar o luto, do meio da tragédia. No centro do jardim, um pé de oliveira indica que tudo converge para a vida, uma vida que não termina mais.
O jardim é um convite para meditar neste dia de Finados! De fato, Maria Madalena confundiu Jesus Ressuscitado com um jardineiro no texto do Evangelho de João. A confusão não é ocasional: Jesus é o jardineiro da nova criação, não mais o Éden do livro do Gênesis, mas o jardim onde a semente é mais forte do que a morte! A ressurreição é a vitória de todos os jardins!
Neste dia, com as flores, a fé, a oração e a visita aos nossos falecidos, muito mais do que o medo e a angústia, somos convidados a mergulhar no mistério do jardim, da semente, da confiança, da saudade, da memória e da Ressurreição. Dom Luciano Mendes de Almeida, um grande bispo brasileiro, era quem dizia: «na verdade, não foram eles que já partiram, somos nós que ainda não chegamos».
Pe. Maicon A. Malacarne