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Mãos que integram!

Jacques Lacan atendeu clinicamente uma mulher hebreia que havia sido presa pela gestapo, a polícia secreta nazista, e um dos grandes sofrimentos que carregava era a insônia. Quando conseguia ter breves momentos de sono, acordava em desespero exatamente as 5 horas da manhã. Este tinha sido o horário que a gestapo utilizava para invadir as casas dos judeus e carregá-los para os campos de concentração. Passados muitos anos, vivia o mesmo horror, no mesmo horário. Em determinada consulta, quando terminou de contar sua história, Lacan se levantou da cadeira, foi em sua direção e carinhosamente passou a mão em seu rosto dizendo: «gestapo». A ternura deste gesto ajudou a mulher ressignificar para sempre a tremenda experiência da «outra» gestapo. Lacan facilitou a descoberta de que sempre há lugar para outra experiência: se há uma mão que despedaça, há outra que integra.

Muito antes de Lacan, de Freud e toda psicanálise, Jesus Cristo oferecia sua mão para curar o sofrimento! Muito mais forte de que outras mãos que colocavam as pessoas em situações de prostração, no evangelho de hoje, acompanhamos Jesus, na Sinagoga, devolvendo a força de vida para uma mulher que há 18 anos «estava encurvada e incapaz de se endireitar» (Lc 13,10-17). Trata-se de alguém que não levantava o olhar, alguém cujo peso da vida não conseguia fazer alcançar mais nada além dos pés. Jesus «colocou as mãos sobre ela e ela imediatamente se endireitou».

Pela mão, pelos gestos, pela atenção, pela consolação, pela esperança, por inúmeros benefícios de descobertas terapêuticas, é possível (re)encontrar a vida totalmente nova, aquela que é capaz de olhar para frente, para o horizonte, ampliando todo fechamento e reducionismo! Essa é a vida que precisamos alcançar e que precisamos ser-para-os-outros e que aprendemos da escola do evangelho.

Pe. Maicon A. Malacarne

1 comentário em “Mãos que integram!”

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