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Maria – o sim e o silêncio

O Protoevangelho de Tiago, um dos textos apócrifos, escrito pelo ano 150 d.C. conta um detalhe muito singular do nascimento de Jesus. José e Maria estavam indo a Jerusalém para o recenseamento e aconteceu que na metade do caminho Maria começou sentir as dores do parto. José, então, levou Maria para dentro de uma gruta e foi imediatamente a procura de uma parteira na região de Belém.

De repente, enquanto procurava, assim é descrito o assombro de José: «ao levantar os olhos para o espaço, pareceu-lhe que tudo estava parado. O firmamento encontrava-se estático e os pássaros do céu, imóveis. Na terra, viu um recipiente no chão e alguns trabalhadores ao redor dele, em atitude de comer, com as mãos na vasilha. Os que pareciam comer, não mastigavam e os que pareciam estar pegando comida, não tiravam nada da tigela. Todos tinham os rostos voltados para cima. Também havia algumas ovelhas que estavam sendo tangidas, mas não davam um passo. O pastor se levantou para bater com o cajado, mas a sua mão parou no ar. No rio, os cabritos punham o seu focinho, mas não bebiam. José se deu conta, então, que Jesus tinha nascido».

O texto de Tiago registra que o nascimento de Jesus está atravessado pelo silêncio. Jesus nasceu do silêncio. É essa mesma experiência do Gênesis, o Verbo é quem inaugura o silêncio total. Jesus é o ponto de partida da nova criação, é a Palavra que dá sentido, o Verbo «feito carne».

Hoje é a memória de Nossa Senhora do Rosário! O evangelho da liturgia lembra o «sim» de Maria, a disposição, a abertura de uma vida que soube ser dom em tudo e para todos (Lc 1,26-38). O sim de Maria é a porta de entrada para uma nova humanidade, cujo movimento é inaugurado pelo silêncio.

A oração é o equilíbrio entre silêncio total e a palavra e a vida bem-dita!

Pe. Maicon A. Malacarne

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