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Mil e uma casas hospitaleiras!

Nos estudos sobre a infância, Freud destacou que «a casa é uma substituição do ventre materno, que é o primeiro lar». Para os cristãos, pode-se dizer que a morada mais elementar é a unidade com Jesus. O primeiro convite, de fato, é estar com ele. A substituição, a segunda casa, é a missão! Não são dois momentos estranhos, um não existe sem o outro, trata-se de um grande mapa para se mover na fé: estar com Jesus e estar com o mundo é o grande coração do evangelho!

O evangelho de hoje (Lc 10,1-12) inicia com o envio de 72 discípulos, dois a dois, em missão. Aqui, dois não é a soma de 1 + 1, mas a gramática da comunhão. Ninguém é cristão sozinho! Jesus não é uma posse, sempre um princípio de comunhão. É neste espírito que a comunidade é a referência porque lembra que o tentador isolamento se vence pela comunhão, pelo caminhar juntos, pela sinodalidade. Eu e a comunidade somos o 1 + 1 para comunicar Jesus na humanidade!

A fé não é uma imposição, muito menos um peso, e as recomendações que Jesus deu aos primeiros discípulos dizem da simplicidade no agir e no falar: «o Reino de Deus está perto (…); paz a esta casa». Não precisa muita coisa, basta um coração aberto e generoso, porque o mundo é selvagem e violento e nem tudo é acolhimento e tranquilidade.

Da casa-ventre a casa-missão temos um caminho a fazer. A biblista italiana Rosanna Virgilli destaca que o grande sonho de Deus é uma humanidade que sabe acolher: «Jesus sonha com a reconstrução do humano através de mil e uma casas hospitaleiras e de braços abertos: a hospitalidade é o sinal mais confiável e indiscutível do alto grau de humanidade que um povo alcançou». O contrário da acolhida é a guerra, a vontade de derrubar o outro, a substituição da paz pelo confronto.

Pe. Maicon A. Malacarne

1 comentário em “Mil e uma casas hospitaleiras!”

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