A humanidade tem tudo o que precisa, se faltasse algo, «Deus já teria dado». A famosa reflexão de Madeleine Delbrêl, poetisa e mística católica, nascida na França, ajuda a costurar o mapa das bem-aventuranças, evangelho da liturgia de hoje (Lc 6,20-26). De fato, os estudiosos dizem que este texto é a grande Carta Magna de Jesus para a humanidade. Não pode haver seguimento a Jesus fora das bem-aventuranças!
Jesus, diante de seus discípulos, ensinou que os felizes são «os pobres, os que tem fome, os que choram, os que são insultados e amaldiçoados por que são fiéis». Do contrário, os infelizes, aqueles de quem Jesus disse «ai de vós»: «os ricos, os que vivem de fartura, os que riem da desgraça dos outros, os que fazem tudo para serem elogiados». As regras do jogo foram todas invertidas. Se o mundo considera feliz um lado da moeda, Jesus afirmou que a verdadeira felicidade é o outro lado, é um outro estilo de vida! O mundo visto na direção das bem-aventuranças é um outro mundo.
A vida feliz que Jesus estava propondo está bem perto de cada pessoa. Quer dizer, é aprendendo a viver cada situação que acontece todo dia, na alegria, na dificuldade, na paz e na guerra, que se trilha uma estrada na direção da felicidade. Já temos tudo, porque o tudo é a vida, com todas as convergências e as deslinearidades.
Gostaria de chamar a Madeleine Delbrêl também para concluir essa pequena meditação: «cada pequena ação diária é um imenso evento no qual nos é dado o paraíso. Não importa o que temos de fazer: segurar uma vassoura ou uma caneta-tinteiro. Falar ou ficar em silêncio, consertar ou dar um sermão, curar uma pessoa doente ou digitar. Tudo isso é apenas a casca da esplêndida realidade, o encontro da alma com Deus, renovado a cada minuto, crescendo em graça, cada vez mais belo para seu Deus. Eles tocam? Rápido, vamos abrir: é Deus que vem para nos amar. Uma informação? Aqui está: é Deus que vem nos amar. Já está na hora de comer? Vamos lá: é Deus que vem nos amar. Vamos deixá-lo!»
Pe. Maicon A. Malacarne