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Da atrofia à luz!

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Todos nós carregamos atrofias, as feridas que vivem misturadas com a nossa identidade, com aquilo que somos e que se manifestam nas nossas relações! A tentação é sempre acusar a atrofia do outro sem compreender o mapa da dor, numa tentativa, quase sempre fracassada, de esconder as nossas!

As feridas ocupam uma atenção especial de Jesus, não para serem julgadas, mas cuidadas, integradas e curadas. Ao homem da «mão seca», do evangelho de hoje, não obstante os olhares adversos e acusadores, Jesus disse: «levanta-te e fica aqui no meio» (Lc 6,6-11). No fundo, é tudo o que a nossa condição humana precisa: levantar-se é ressuscitar, é transformar a nossa prostração e o nosso desânimo. Ficar no meio é sentir-se integrado, relacional, social, aberto ao mundo. No momento que ajudamos alguém a «ficar de pé» e «vir para o meio» estamos resgatando toda a potência humana que não se restringe aos fracassos que a pessoa possa ter vivido.

O evangelho de hoje é um grande convite a abraçar a «nossa atrofia», a nossa «mão seca» e transformá-la em lugar de luminosidade. Hildegarda de Bingen, mística e doutora da Igreja, escreveu sobre a grandeza da capacidade de transformar «as feridas em pérolas». O psicanalista Massimo Recalcati, no seu último livro, sobre o luto e a saudade, usa a metáfora da «luz das estrelas mortas». Os nossos vazios, as nossas escuridões, as nossas feridas, são brechas por onde pode passar uma nova luz, a nova possibilidade de existir.

«Levanta-te e fica aqui no meio» é a voz de Jesus que ressoa para todos e é o convite a uma vida que cura mais do que julga, que integra mais do que aponta e divide. Trata-se de um mapa para transformar a nossa «mão seca».

Pe. Maicon A. Malacarne 

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