O Cardeal Tolentino diz que reconhecer Jesus Cristo como Messias é uma reviravolta na história humana: «o Messias é a medida do mundo (…) É um dividir das águas». Em resposta à pergunta de Jesus, no multiforme território de Cesareia de Filipe: «quem dizem os homens que eu sou?», Pedro disse: «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo» (Mt 16,13-20). Os judeus afirmavam que quando chegasse o Messias, tudo caia por terra – o Messias é maior de que a Lei, o Messias é maior de que os profetas, o Messias é maior de que todos os poderes e diante do Messias apenas uma coisa é necessária – conformar a vida ao Messias!
A resposta de Pedro é corajosa e certeira, mas o elogio que ele recebeu de Jesus não foi tanto pelo conteúdo da resposta, mas, porque abriu-se aos sinais de Deus: «não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu». Aqui está o início de uma nova missão, a divisão das águas – ao desvelar a identidade de Jesus, a própria identidade precisa ser transformada – aquilo que eu sou, precisa tornar-se discipulado e missão: «tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja».
Simão tornou-se Pedro, um novo nome, sobretudo, uma nova identidade! A fé é esta grande porta: é mais, muito mais do que precisar uma doutrina, é abrir a casa para uma vida nova e tornar-se aquilo que, de verdade, eu sou! O Pedro não deixa de ser Simão, o Pedro é um Simão melhor, aberto para a comunhão, para a relação, para viver a vida de filho na fraternidade do mundo.
A autoridade de Pedro, de onde é fundamentada a Igreja nascente e toda a sucessão apostólica, é servir a fé, facilitando a experiência de Jesus Cristo, Messias e Filho de Deus. Trata-se do serviço da filiação, da comunhão e da fraternidade! A «chave» de Pedro não é um poder absoluto, mas o serviço de ‘abrir e fechar’, tal como deve ser a vida de cada pessoa de fé – abrir para a graça de Deus, fonte de comunhão – fechar para a autorreferencialidade, fonte de egoísmo e isolamento.
Tenho coragem de dizer com a minha vida que Jesus é o Messias e o Filho de Deus? «É aqui que as águas se dividem».