No evangelho de ontem, Jesus fez uma censura as cidades de Corazim, de Betsaida e de Cafarnaum, lugares onde ele havia realizado boa parte dos seus sinais, mas que tinham escolhido manter-se fechadas a novidade do evangelho. O evangelho de hoje é um salto da reprovação para o agradecimento. Se há experiências de fechamentos, há também as aberturas para a vida passar!
De fato, os três versículos do texto (Mt 11,25-27) começam com a exclamação de Jesus: «eu te louvo, ó Pai!». Trata-se de um êxtase interior de Jesus e a sua capacidade de direcionar a vida para o agradecimento, apesar de tudo! Sem a disposição de agradecer, de reconhecer que existem motivos de louvor, a vida pode ficar reduzida ao azedume e a reclamação. É aquilo que escrevia Etty Hillesum no seu Diário em meio ao campo de concentração nazista: «a vida é bela e há tanto o que agradecer!» Quando ainda na sua pequena casa de Amsterdam, sentia-se ameaçada com a perseguição, o recurso era abrir uma pequena fresta de janela «para ver um pedaço do céu».
O agradecimento é feito de pequenas coisas, de «pedaços do céu»! Na continuidade do agradecimento de Jesus, ele diz: «porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos». A humildade abre brechas no nosso coração para que Deus e a alegria possam passar! Quando nos achamos donos de si, numa arrogante grandiosidade, não há mais espaço para nada.
Pe. Maicon A. Malacarne