Madre Teresa de Calcutá contou que certo dia lhe trouxeram uma criança de rua que há muitos dias estava sem comer. Com cuidado, tomou-a no colo e entregou um pedaço de pão. A criança comia migalha por migalha, lentamente.
«Pequena, pode comer mais!», disse Madre Teresa.
«Irmã, como migalha por migalha porque tenho medo do pão acabar e depois eu ter que passar fome de novo», respondeu a criança.
A história faz pensar nas sagradas migalhas. De fato, de outro modo, no envio dos discípulos para a missão (Mt 10,34-11,1), Jesus disse: «quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa».
As duas imagens são um convite a nossa oração cotidiana. Em primeiro lugar, trata-se de assumir um estilo de vida generoso, capaz de realizar pequenos gestos que possam ser sinal de cura na vida do outro, especialmente de quem mais precisa. Depois, uma outra tarefa é tornar-se ‘como de água’ e ‘migalha’ para a sede e a fome do mundo. O empenho em estar presente, em escutar, em acolher, em compreender as histórias que atravessam o cotidiano. Se quisermos alargar ainda mais, o ‘copo de água’ e a ‘migalha’ são a capacidade de acolher o significado da vida do outro na nossa vida. Somos formados pela presença de tantas pessoas, de tantas experiências que integram aquilo que somos. Somos polissêmicos!
A figura do faraó, da primeira leitura, ilustra toda a força de assassinar a generosidade, de capturar até a última gota de esperança do povo, simbolizada nas crianças: «lançai ao rio Nilo todos os meninos hebreus recém-nascidos».
O contraste entre o gesto de Madre Teresa e o gesto do faraó é evidente. É verdade que nossa vida mistura gestos que edificam a vida e gestos que destroem a vida. Precisamos, no entanto, cada dia um pouco mais, configurar nosso estilo de vida ao estilo de vida de Jesus!