Mestre Eckhart foi um místico da unidade! O frade dominicano deixou grandes reflexões: «Deus e eu somos um, Deus trabalha e eu me transformo», dizia em um dos seus sermões. A ideia do ‘trabalho de Deus’ é muito próxima a parábola do bom semeador, imagem do agricultor que, com as mãos cheias de sementes, se lança a semear, não obstante o terreno. É que o amor de Deus não é um amor repartido, mas sempre integral, sempre incondicional, sempre confiante de que o terreno possa ‘se transformar’!
O conhecido evangelho deste domingo (Mt 13,1-23) faz meditar um aspecto muito importante: não é porque a terra é boa que o semeador lança a semente. O semeador sempre lança a semente! De fato, a parábola inicia assim: «O semeador saiu para semear». No coração do semeador está a arte de semear. Ele semeia nas pedras, na beira do caminho, nos espinhos. O semeador é um especialista em confiança… é feliz porque semeia e semeia porque ama!
Deus é o artista das sementes! O esforço de cada pessoa e de cada comunidade é deixar-se encontrar pela ‘semente’ de Deus. Trata-se de abrir espaços para que Deus transforme nossa vida em mais vida. Apesar da minha fragilidade, dos meus pecados, da minha tentativa de apequenar a vida, Deus continua lançando a semente.
Deus continua lançando sementes, apesar da «minha terra seca», porque isso não é o mais importante! O mais importante é tomar consciência que existem sementes e existe o bom semeador! Cumpre-se, então, a profecia de Isaías, da primeira leitura: «assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la».