Depois do longo discurso, Jesus «desceu o monte», diz o evangelho de hoje (Mt 8,1-4). Descer é um verbo muito importante da Sagrada Escritura. De fato, no livro do Êxodo, Deus se apresentou a Moisés como aquele que «desceu para libertar» (3,8). Antes de ser crucificado, durante a última Ceia, Jesus «desceu» para lavar os pés dos discípulos. Em Deus, descer é tocar, servir e amar a vida!
Ao descer do monte, Jesus encontrou um leproso que se ajoelhou diante dele para pedir ajuda. É muito interessante: Jesus desceu e o leproso ajoelhou-se! O movimento é o mesmo! Jesus participava da condição mais concreta da vida das pessoas. O «passo a mais», no entanto, era ajudar a levantar: «eu quero, fica curado»! A cura é erguimento! A cura é conseguir ficar de pé para testemunhar a vida nova, não obstante as dificuldades!
O que faz levantar é a «mão estendida» de Jesus, ou seja, a proximidade, o toque, a relação, a experiência concreta! Em um livro chamado Resistência Íntima, o filósofo e professor espanhol Josep Maria Esquirol fala de um «materialismo das mãos que tocam», ou seja, da concretude daquilo que passa pelo nosso corpo como experiência e transforma-o em condição nova! A resistência sugerida pelo filósofo da proximidade pode ser traduzida em «amparar e cuidar». Jesus revelou esse rosto do Pai! O toque de Jesus não é uma mágica, mas é a potência do acolhimento, do amparo e do cuidado de Deus que «desce», sempre de novo, até nós!
Pe. Maicon A. Malacarne