O futuro é uma porta aberta!
Depois de dar a precedência a Ló, Abrão vivia a angústia do futuro: «o que será de mim?» Essa, de fato, é a pergunta que acompanha a existência humana. A falta de um filho colocava Abrão em uma situação ainda mais difícil: «eu me vou desta vida sem filhos», ou seja, sem continuidade da sua história. Não obstante o desânimo, a primeira leitura (Gn 15,1-12.17-18) conta que Abrão «teve fé».
A resposta de Deus se deu nesses termos: «conduzindo Abrão para fora, disse-lhe: – olha para o céu». Deus estava garantindo a Abrão uma descendência maior do que as estrelas. O primeiro passo, porém, é «ir para fora». Trata-se de abrir a porta, de saltar do «mesmo lugar de sempre» que insistimos pisotear, do «mesmo lado de sempre» que estamos cansados de olhar. Sair é desejar uma vida nova! De fato, desejo é uma palavra bonita que no latim está vinculada ao mundo sideral: de-sidero, ou, sentir falta de uma estrela! A saudade da luz, a vontade de encontrá-la, produz o movimento de quem procura: o desejo!
É esse sair «desejoso» que mobilizou Abrão a estabelecer uma aliança com Deus. É verdade que é um sair sem muitas certezas, mas é um sair de quem confia, de quem está descobrindo que há um céu que anima a caminhar! Sair é uma atitude que exige discernimento: onde estou? por que estou? como estou? A fé sempre provoca responsabilidade para compreender e agir no mundo!
De fato, no evangelho (Mt 7,15-20), Jesus insiste para ter «cuidado com os falsos profetas (…) o conhecereis pelo seu fruto»! O profeta não é um adivinhador de futuro, mas alguém capaz de sair, de escancarar as portas, olhar para o céu, calçar as sandálias e confiar, cada dia um pouco mais, para além das estrelas.