Victor Hugo, em Os miseráveis lapidou a grande expressão: «morrer não é nada, o mais difícil e mais assustador é não viver!» Dos tantos medos que carregamos, das muitas experiências difíceis que fazemos, dos traumas que andam do nosso lado, o convite que vem da escola do evangelho é sempre procurar as brechas da vida, as migalhas de esperança!
No fundo, tem muita razão Rilke quando ensina na Cartas a um jovem poeta: «em todos os casos, a vida tem razão!». A questão é encontrar esse respiro, esse lugar de reconciliação com a vida. Viver é uma tarefa grande e bonita! É genial também aquilo que Guimarães Rosa escreveu: «viver é muito perigoso, porque aprender a viver é que é o viver mesmo!»
Jesus disse aos discípulos, no evangelho desse domingo (Mt 10,26-33): «não tenham medo! Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados!» Esse amor exagerado de Deus pela vida é de muita consolação para as nossas feridas! Temos um Pai! Temos um Deus que traduz o amor em cuidado! Se Deus cuida essa pequena parte é porque cuida do todo! O amor é sempre integralidade!
Mesmo se os caminhos que escolhemos foram muito errados, de muitas quedas, como diz a Carta de Paulo as Romanos (5,12-15), a nossa segurança, é aquela experiência que potencializou a vida do profeta Jeremias (20,10-13): «o Senhor está ao meu lado». Expandir a vida que nos habita é romper com as forças do pecado que é sempre «dinâmica de morte» e confiar como o salmista: «suave é a vossa graça».
Pe. Maicon A. Malacarne