Comunicar vida!

A história do famoso jornalista francês, Jean-Dominique Bauby, ajuda a meditar a liturgia desse domingo. Aos 43 anos, no auge da carreira como editor da Revista Elle, sofreu um acidente de carro por causa de um AVC que o deixou sete semanas sem consciência. Ao acordar, conseguia mexer apenas o olho esquerdo. Com ajuda de um fonoaudiólogo, criou um sistema para se comunicar, movimentando a pálpebra do olho. Produziu, nessa condição, o livro chamado «O escafandro e a borboleta». O jornalista precisou cerca de duzentas mil batidas do olho para escrevê-lo, sendo que cada palavra demorava mais ou menos dois minutos. Jean-Dominique faleceu dois dias depois do lançamento da obra.

«Pedi ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita» é um dos pedidos de Jesus aos discípulos, diante de uma multidão cansada e abatida, no evangelho de hoje (Mt 9, 36-10,8). Não se trata de uma oração vocacional, na forma como geralmente a pensamos, voltada para padres e irmãs. Trata-se, sim de um chamado imenso, para cada pessoa participar do dom de comunicar mais vida ao mundo, com o coração cheio de misericórdia pelos mais necessitados. Os 12 discípulos representam a universalidade de quem se dispõe a seguir Jesus e participar da sua mesma missão.

Estamos sempre preocupados com muitos projetos, com muitas tarefas, com as crises, com a diminuição do número de pessoas nas Igrejas, com o futuro do cristianismo, mas o evangelho recorda de alguma coisa central: o ponto de partida é um abrir de olhos, um balançar de pálpebras, um esforço para alcançar os «cansados e abatidos» da história. A partir disso, é preciso trabalhar para fazer a vida crescer, expandir, com-paixão! Todos os dias, na condição que estamos, o Senhor chama ao «trabalho da messe». Pequenos passos, pequenas brechas, pequenos movimentos que são a esperança: «O Reino de Deus está próximo».

Pe. Maicon A. Malacarne