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A fé é busca!

Ter fé é não parar de buscar! A fé não é uma resposta pronta, não é um dom estático, exige movimento, amadurecimento e procura constante. Esta também é a estrada para tomar distância da perigosa superficialidade, da repetição do sempre mesmo, e dar um passo em direção ao sentido, ao interior, aquilo que nem sempre está bem visível na nossa frente!

«A vossa tristeza se transformará em alegria», disse Jesus para os discípulos que estavam desconcertados com o discurso de despedida, como estamos acompanhando nos evangelhos dessa semana. Hoje o texto (Jo 16,16-20) dá destaque para a expressão «ver»: «pouco tempo ainda e já não me vereis. Mais um pouco tempo e me vereis novamente!» A prisão e a morte de Jesus estava se aproximando e, naquele momento, os discípulos ainda viam Jesus (fisicamente) vivo, mais tarde, experimentariam sua presença ressuscitada!

Para além da condição de Jesus, o evangelho sublinha a necessidade de os discípulos amadurecerem uma nova forma de ver! Disso depende a transformação da tristeza da morte para a alegria da ressurreição! É uma mudança integral que exige discernimento sobre tudo que Jesus Cristo falou, fez e viveu!

O Manoel de Barros é o poeta da inversão, da lógica pelo revés, da intuição ao contrário. Antes da grandeza, a pequenez; antes da velocidade, a lentidão; antes da rapidez, a paciência… Nesse mapa ele escreveu sobre felicidade:

Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade

das tartarugas

mais que a dos mísseis.

Tenho em mim

esse atraso de nascença.

Eu fui aparelhado

para gostar de passarinhos.

Tenho abundância

de ser feliz por isso.

Meu quintal

É maior do que o mundo!

A poesia logo lembra Jesus que caminhando pelas estradas cheias de poeiras da Judeia conseguia enxergar mais longe: «olhem os lírios do campo, nem mesmo o rei Salomão se vestiu como um deles…» (Mt 6,28-29). Esse é o lugar dos buscadores, de ver o que ninguém vê, ampliar felicidade onde ela parece não estar! Seguir Jesus é tarefa que exige não ficar parado e movimento é impulso da alegria que há de chegar!

Pe. Maicon A. Malacarne  

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