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Encontrar-se na ausência!

Na proximidade da Ascensão de Jesus ao céu e da vinda do Espírito Santo, no Pentecostes, o evangelho continua narrando o discurso de despedida de Jesus (Jo 16,5-11) que vai ajudando os discípulos entender que ele vai para o Pai e garante que eles não ficarão sozinhos. Era difícil para aquela pequena comunidade imaginar a vida sem Jesus, sem sua presença física! Por outro lado, a impossibilidade de «ver», abre duas categorias importantes: primeiro, nem tudo que amamos está diante dos nossos olhos e ver o invisível é uma herança de Deus! E, segundo, é possível ver aquilo que amamos e que não está mais presente se tornando visível com outras expressões!

De fato, o primeiro mandamento da Lei de Deus, revelado a Moisés em Ex 20 e Dt 5, vai abrir uma novidade fundamental para a história do monoteísmo: «Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra…» O mais fascinante é que logo à frente Deus justifica o porquê: «eu sou um Deus ciumento!». O contexto dos mandamentos é da idolatria, dos muitos deuses e das muitas representações.

O Deus de Jesus Cristo revelou-se «ciumento», uma característica própria de quem ama. E, porque ama, pediu para não ser representado! Aqui é importante sublinhar, sob a pena da confusão de interpretação, que Deus não está preocupado com a arte, com as esculturas ou com as imagens de santos e de Nossa Senhora. A questão é mais profunda: Deus quer um povo capaz de encontrá-lo no invisível, um povo que abre os olhos para ver além do que está na frente, pessoas que sejam mestres do infinito! É a abertura total do coração capaz de transcender, de elevar, difícil para quem se fecha!

A despedida de Jesus, a sua ausência, a vinda do Espírito, estão dentro dessa promessa do Deus de Israel: ver mais largamente, ultrapassar o lugar do expectador, de quem só assiste e repete, alcançar mais longe! Esse é o lugar da poesia, da arte, da boa música, da literatura, do evangelho, de Jesus, de tudo aquilo que, em suma, faz ver o infinito! Infinito onde Deus está!

Pe. Maicon A. Malacarne

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