Ao rezar o evangelho de hoje (Jo 15,1-8), fui transportado a uma arte bastante particular do conhecido pintor francês Jean-Marie Pirot – «Il sole nel ventre» – o sol no ventre – de 1984. A tela em diversos e suaves tons de azul apresenta Maria grávida, entre pombas, em forte alusão ao Espírito Santo. Tudo é iluminado do sol que nasce do seu ventre e é acariciado amorosamente. A parte inferior ao ventre sugere a cor da terra, pernas que sustentam o ventre, como um botão pronto a florescer: em Maria, o céu e a terra se encontram e jamais poderão ser separados por causa de Jesus Cristo!
Outro elemento, porém, é fascinante: atrás de Maria há uma estranha cadeira que evoca o símbolo do DNA, o elemento base da vida. Maria é a fonte, o fundamento da vida de Jesus e de toda a humanidade. Jesus Cristo é o doador da vida, aquele que entrega tudo por amor! O símbolo do DNA evoca a vida recebida e a vida doada que só podem ser verdadeiras quando vividas no amor.
«Eu sou a videira e vocês são os ramos», disse Jesus. Nós participamos da mesma vida de Deus, nosso DNA está atravessado pela vida divina. Abrir-se a circulação dessa seiva, deixar-se iluminar nesse sol, é uma tarefa e uma responsabilidade para produzir mais frutos, ou seja, transformar a vida recebida em excesso de vida. De fato, «aquele que permanece em mim produz muito fruto»!
No final da Divina Comédia, no Paraíso, Dante canta a Maria: «em teu ventre o amor foi reunido/para cujo calor, na eterna paz/assim germinou esta flor (XXXIII,1). A fecundidade da nossa vida é proporcional ao quanto iluminamos ou quanto ofuscamos a vida, a partir da vida divina que habita em nós!
Pe. Maicon A. Malacarne