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Habitar a vida divina!

Jesus, no evangelho de hoje (Jo 14,1-6), continua um grande e denso ensinamento: «não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai há muitas moradas». O contexto é da despedida de Jesus, do abandono de alguns que o seguiam, da tensão com o risco da continuidade da missão. Não obstante, continua viva a promessa: «a fim de que onde eu estiver, estejam também vocês».

O «lugar» para onde Jesus convida a viver a fidelidade não é um lugar, mas um estilo, uma forma de viver! A «morada» do Pai é a vida divina, é viver o estado de filhos e filhas amados, o lugar onde o coração encontra o verdadeiro sentido. Habitar a «morada do Pai» é habitar a vida divina, o amor primeiro, que cada criatura porta consigo através do sopro do Espírito Santo. É, no fundo, ser o que se é, olhando para Jesus, modelo de verdadeiro ser humano!

Tornar-se um com Deus, habitar a vida divina, é a maior exigência espiritual. Essa unidade – a mesma que Jesus viveu – «eu e o Pai somos um» – precisa ser o mapa de uma busca continua, da oração mais sincera, do expandir a vida cotidiana, da generosidade em contribuir para que os outros vivam mais, especialmente quem tem a vida ameaçada. «Caminho, verdade e vida», neste caso, não são conceitos doutrinais, mas uma estrada, um aprender a tirar as sandálias e respirar o mesmo hálito do Pai.

No Paraíso, terceiro livro da Divina Comédia, Dante usa a categoria «indiarsi», ou seja, aproximar-se, ser-junto, para traduzir a forma de comunhão total com Deus. É nessa comunhão que «se pode estender o futuro» (XVII, 98), porém, apenas através de Beatriz, o grande amor de Dante: «aquela que me faz tocar o céu (a vida divina) com o dedo» (XVIII,3). Sem o amor, não conseguimos!

Pe. Maicon A. Malacarne

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