No evangelho desse domingo (Jo 10,1-10) Jesus contrapõe a autoridade do pastor e do assaltante das ovelhas. No fundo, com a parábola, Jesus estava fazendo uma grande crítica aos líderes religiosos que não conseguiam ajudar as pessoas a serem mais felizes e transformavam a religião em um instrumento de dominação e de servidão. Por outro lado, a prática do bom pastor abria uma outra gramática: «eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância». De fato, Jesus é o bom pastor que conhece as ovelhas, chama pelo nome, ou seja, vive da proximidade, conduz a uma vida sempre maior, «para fora», sem apagar a liberdade e a autonomia.
Gosto demais dessa arte do Sieger Köder porque ajuda a rezar a identidade, o coração, o amor tão simples e tão grande de Jesus, o bom pastor! Tudo brota do sol, um sol imenso, verdadeira fonte de onde emana força e luminosidade. O sol convida a confiança, a abandonar-se a ele! Assim como o sol «agarra» tudo, ele parece se dissolver nas mãos de Jesus, onde a ovelha encontra amparo e descanso. Ninguém fica de fora das mãos do pastor! São mãos que procura os perdidos, os lascados, os abandonados, os doentes… procura todas, todas as ovelhas. São as mesmas mãos que fizeram milagres, que ergueram caídos, que salvaram Pedro de afundar, que lavaram os pés. As mãos do pastor são grandes como que para dizer: aqui todos tem lugar!
O olho do bom pastor está fixado na ovelha e os olhos fechados da ovelha é como de quem confia e se abandona nesse amor imenso! Jesus é a porta de uma vida nova, feliz, plenificada, iluminada qual «sol nascente», porta de Deus no meio da história. O artista transforma tudo em festa: a árvore seca começa brotar, borboletas, música, dança, abraços, circularidade, rosas vermelhas – tudo é recriado e harmonizado no amor. Tudo é ressurreição!
Ressoa no coração e na oração aquilo que certo homem de nome Abercio, convertido ao cristianismo pelo ano 180, escreveu em um epitáfio: «Sou o discípulo de um pastor santo que tem olhos grandes, o seu olhar alcança todos».