O dilúvio pelo qual passou Noé, sua família e toda a diversidade da criação, na Arca, conduziram para uma situação que parece a mesma, mas não é. Todas as experiências, especialmente as dificuldades, nos transformam! Logo depois de sair da Arca (Gn 9,1-13), Deus estabeleceu uma aliança com Noé e com todos os seres criados, uma aliança cuja vida está sempre em primeiro lugar!
Deus também quis estabelecer um sinal visível para essa aliança: um arco-íris: «Ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra». Depois do temporal, o arco-íris é o sinal de que alguma coisa diferente está surgindo, é o anúncio de uma novidade! Deus se antecipou e, por amor, não obstante as tensões de «Caim e Abel» que nos habitam, escolheu continuar amando!
O amor de Deus aparece como uma boa notícia: todo dilúvio um dia termina, a qualquer momento o arco-íris vai aparecer! A aliança é sempre um amor infinito, um evangelho para recordar que Deus jamais nos abandona, nem mesmo nos piores momentos: veja, o arco-íris um dia aparece, no momento certo, a vida ganha o colorido antes escondido.
Jesus Cristo é a nova e eterna aliança! Com Jesus, a potente expressão de Jó, depois da tragédia da sua vida, faz todo sentido: «antes te conhecia só de ouvir falar, agora meus olhos te veem» (42,5). Jesus é a aliança visível e total do amor. Nele, todo amor faz sentido! É por isso que os discípulos, no evangelho de hoje (Mc 8,27-33) e todos nós, a cada dia, precisamos voltar àquela mesma pergunta: quem é Jesus para mim?
Etty Hillesum, trancafiada em casa por causa da perseguição nazista, registrou no seu Diário: «Existirá sempre também aqui uma porção de céu que se poderá olhar, e suficiente espaço dentro de mim para poder juntar as mãos na oração». Esperar o arco-íris do meio do medo da escuridão também é uma espiritualidade e uma arte, mas também uma escolha decisiva. Marina Marcolini iniciou assim uma das suas poesias: «Nômada do amor, deixei a riqueza do palácio, por um arco-íris».